Reunião de posse da nova gestão:

Dia 01/12, às 18h, no espaço estudantil!

domingo, 29 de março de 2009

Oficina de Fotografia

MEIO IN CONCRETO - fotografando o prédio do meio

- Oficina de fotografia no dia 03/04 (6ªf), às 10h30
(concentração no saguão de entrada do prédio do meio)
- Inscrições de segunda a quinta no ceupes (com Jeff) ou por e-mail: ceupes2009@gmail.com
- Serão disponibilizados textos sobre fotografia na pasta do ceupes!

Traga sua câmera!!
Seleção de fotos e exposição nas semanas seguintes...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Programação da Semana (23 a 27 de março)

TERÇA-FEIRA, (24/03) ÀS 18H NO ESPAÇO VERDE: GRUPO DE DISCUSSÃO (GD) SOBRE A UNIVESP.

QUINTA-FEIRA (26/03), ÀS 18H NO SAGUÃO DE ENTRADA: PLENÁRIA.

SEXTA-FEIRA (27/03), FESTA ÀS 18H NO ESPAÇO VERDE
BANDAS A PARTIR DAS 23H:QUASE CARNÍVOROS E THE MOJO WORKERS BLUES BAND

Boletim UNIVESP

Ensino a Distância e o Programa UNIVESP
No dia 10 de fevereiro de 2009 aconteceu uma reunião do Conselho Universitário (CO) que aprovou sem nenhuma discussão ampla com a comunidade universitária o curso a distância em Licenciatura em Ciências. O curso fará parte da iniciativa Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP), projeto da secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo que visa atender à demanda por mais vagas no ensino superior público e criar um programa voltado para a formação de professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. A idéia se baseia no formato do Ensino a Distância (EaD).
As atividades da UNIVESP estão previstas para serem implantadas a partir do primeiro semestre de 2009, através de diferentes módulos que serão descritos a seguir. O programa prevê o desenvolvimento das atividades pedagógicas por via do canal digital da TV Cultura, além de apoio via telefone e via internet. O formato deste primeiro curso de Licenciatura em Ciências prevê apenas metade da carga horária do curso realizada de forma presencial, nos pólos de apoio instalados na universidade. O projeto, a princípio, contará com oito docentes para um total de 360 alunos por ano. Ao final de quatro anos serão 1440, isto significa que cada docente será responsável por 180 alunos.
Discutir a UNIVESP é refletir sobre o Ensino Público do Estado de São Paulo e do Brasil. O projeto não diz respeito apenas ao Ensino Superior, mas apresenta conseqüências para todas as esferas de ensino. Se o projeto, de imediato, se figura como uma tentativa de democratizar o acesso ao Ensino Superior Publico, olhando mais atentamente e aprofundando-se na iniciativa podemos encontrar sérias limitações e a fragilidade e insegurança do programa.
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... A Educação Brasileira
Uma pergunta precedente a este debate é: qual é, e qual deve ser, o papel da Educação Pública no Brasil?
Educar o nosso povo é, antes de tudo, torná-lo protagonista do seu futuro e autor de suas decisões; educar é permitir que a sociedade seja composta por mulheres e homens conscientes de si, a fim de refletir o meio em que se inserem, para que assim possam tomar para si a responsabilidade do futuro coletivo e constantemente transformar a realidade que vivem. Sabemos, porém, que não é dessa maneira que as autoridades publicas tratam a questão, e a história brasileira é marcada pelo aborto dos projetos educacionais de cunho emancipador.
O ensino meramente instrumental, privilegiado em detrimento deste caráter emanciapador, tem como fim a formação de braços e não a formação de mentes. A formação técnica e profissionalizante não pode andar descolada da formação crítica, caso contrário, teremos um país que não é de cidadãs e cidadãos, mas sim uma nação presa à inér cia da alienação.
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+ EaD: ferramenta ou método de ensino?
O EaD é uma ferramenta há muito conhecida d@s brasileir@s. Ao longo da história, serviu para complementar o conhecimento de profissionais nas mais diversas áreas. Porém, é inédito o fato do EaD ser tratado como instrumento chave da formação, deixando de ser uma ferramenta para tornar-se fundamental no método de ensino universitário.
Sem dúvida, o final do século XX tem como marco a crescente influência da internet e dos meios de comunicações virtuais no nosso cotidiano. A comunicação se tornou dinâmica e as distâncias virtualmente encurtaram; a busca por informações é fácil e o conhecimento é capaz de atingir um número maior de pessoas. Mas, se por um lado o EaD facilita no complemento educacional, por outro lado, pensá-lo como eixo central em um método de ensino pode trazer conseqüências desastrosas, estando o Ensino Publico brasileiro em um quadro já desolador.
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+ Alun@s Presentes
Partindo dessa verificação do papel da Educação, afirmamos que a sala de aula deve ser pensada como um ambiente de discussão horizontal, em que professores e professoras cumprem o papel de nos orientar nas possibilidades do aprendizado e de nos trazer perspectivas para nossa atuação, tornandonos agentes do ensino, agentes de sua formulação e prática, dentro e fora da Universidade. E isso se dá, também, no debate em sala de aula, na exposição de nossas dúvidas quando compartilharmos e construímos juntos, alun@s e professores(as).
De outra maneira, a relação pode ser verticalizada, tendo de um lado um(a) emissor(a) e de outro os receptores. Sem que o caminho da construção se dê ao inverso, a informação torna-se unilateral, e nós, alun@s, não participamos da nossa própria formação. A UNIVESP se apresenta à sociedade nesses marcos. São poucos os momentos que a relação alun@-professor(a) se dá de forma bilateral, já que são poucos os canais de diálogo abertos, estando presentes nas poucas aulas presenciais e em fóruns virtuais que não garantem a participação coletiva.
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+ O Ambiente Universitário
Há de se destacar que, para a educação efetiva, há ainda um “conteúdo oculto”, que não está presente nas salas de aula, mas nos corredores, nas conversas com @s colegas de curso, de faculdade; nas conversas com professores e professoras fora de aula; é um conteúdo rico em capacidade de ampliar nosso campo de interesse.
Além disso, o ambiente universitário assegura condições apropriadas para o estudo, para o desenvolvimento da iniciação científica, bem como laboratórios, centros de pesquisa e assistência social. São inúmeros benefícios que a Univesp não apresenta.
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+ E o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, como fica?
As universidades estão balizadas no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão, o que quer dizer que devem estar centradas na formacão efetiva em suas muitas competências, na elaboração e produção de conhecimento e no reflexo destes no meio social. Se a qualidade do ensino na UNIVESP é questionável, o que dizer da pesquisa e extensão? Quais são as perspectivas para reverter o conhecimento adquirido à distância em benefícios para a população? Uma Universidade que não cumpre com este papel social está descaracterizada e não apresentar razão de ser.
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O programa da UNIVESP se apropria da metodologia do EaD. Assim, devemos analisar como o ensino à distância está sendo introduzido no Estado de São Paulo.
Em diversos países o EaD tem sido adotado como uma ferramenta adicional ao ensino. Ou seja, ele á usado em situações extraordinárias nas quais algumas pessoas não têm como serem atendidas pelo ensino presencial, como detentos ou pessoas impossibilitados de locomoção, etc. No entanto, a Univesp tem como caráter substituir o ensino presencial, nesse caso, na formação do professor. De acordo com a Secretária de Ensino Superior, a implementação do programa se dará em três módulos a partir do primeiro semestre de 2009.
Primeiro módulo: “tem como foco a formação de professores em exercício nas redes pública e privada do estado. Nele está previsto a oferta de um curso de Licenciatura em Pedagogia e um curso de Licenciatura em Ciências, desenvolvidos a partir de experiências de sucesso realizadas na USP e na UNESP. O principal objetivo destas ofertas é promover a melhoria da educação no ensino infantil e no fundamental de 1a a 4a séries. Como mencionado anteriormente, isso representa um público-alvo de aproximadamente 35 mil professores”.
Segundo módulo: “contempla a oferta de vários cursos de licenciatura como Matemática, Física, Química, Biologia e Língua Portuguesa. Também para o oferecimento destes módulos serão incorporadas experiências, já testadas, de sucesso de nossas universidades estaduais paulistas”.
Terceiro módulo: “oferecerá cursos de capacitação, extensão, especialização e outras formas de educação para professores que já tenham um curso superior completo e que desejam seu aperfeiçoamento profissional. Estão programados, por exemplo, dois cursos de especialização: Especialização em Docência no Ensino Fundamental e Médio e Especialização em Gestão Escolar”.
Estudando o projeto com maior atenção, percebemos que se de início a EaD poderia atrair pessoas já formadas pelo ensino presencial, posteriormente, com uma reflexão mais profunda, observamos que a EaD não acaba com o problema da falta de estímulo presente em muitos professores da rede pública de educação. E que pior, se a EaD pode ser uma experiência positiva em alguns casos específicos, a experiência torna-se desastrosa quando usada como ferramenta essencial para formar professores com graves deficiências na formação. A ADUSP (Associação de Docentes da USP) afirma que o esse projeto poderá afetar duas gerações, a dos professores formados pelo programa e a dos alunos formados “pelos professores formados à distância”.
Além disso, o desenvolvimento da capacidade “prática” de ensinar não é a única dimensão da formação de um profissional da educação. “Este modelo, desenvolvido à distância através de mídias interativas e novas tecnologias da informação e comunicação, se organiza em projetos de cursos que partem do trabalho dos professores, exclusivamente em sua dimensão prática, reduzindo as possibilidades da mediação pedagógica necessária no processo de ensino, e não se sustenta quando confrontado com as condições de produção da vida material e da organização da escola e da educação, que demandam outras habilidades, capacidades e competências de seus educadores” (COSTA LOPES DE FREITAS, Helena, 2007).
Fonte: http://www.ensinosuperior.sp.gov.br/portal.php/univesp
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+ Quem educará @s brasileir@s de amanhã?
De inicio, a UNIVESP atuará na formação de professores e professoras que atuarão na rede básica de ensino. Esta fase da vida educacional das crianças é fundamental para o desenvolvimento futuro da sociedade. E é esta fase fundamental do ensino que sofre hoje com o descaso das autoridades publicas; escolas em péssimas condições e sem investimento publico, profissionais mal remunerados, salas lotadas.
Então, é nosso papel, quando se trata de discutir a UNIVESP e a qualidade do ensino que a iniciativa trará, questionar a quem o projeto vai formar para educar o país de amanhã.
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+ Financiamento
Não é a toa que o projeto da Univesp tem sido apresentando como uma salvação pelo governo estadual. A medida procura incluir mais estudantes nas estaduais públicas abaixo do custo normal de um estudante presencial. Estima-se que cada aluno custará aos cofres públicos apenas 3.000 reais durante toda a duração do curso, medida interessante para o Estado na atual situação de crise, em que áreas sociais centrais, como a educação, sofrem corte de verbas.
De acordo com a ADUSP, as despesas (incluindo as da União e do Estado em todas as instituições de ensino superior) não superam 0,3% do PIB paulista; comparando com os níveis de investimento no âmbito internacional esse percentual deveria ser superior a 1%. O programa é uma “solução” fácil e barata para uma falsa democratização do ensino superior público. O governo vende uma melhora na educação enquanto o acesso à educação pública de qualidade continua restrito. Não podemos deixar de traçar um paralelo, nesse caso, com outras iniciativas, como o aumento dos cursos pagos e o Pró-Uni.
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+ Alternativa ou desvio ao ACESSO?
Qual parcela da sociedade está hoje nas universidades federais e estaduais? Quem ocupa as salas de aula da rede publica de ensino superior? A educação básica relega a maior fração da sociedade, em todo o país, a péssimas condições de ensino que acabam, como conseqüência, por afastar essa maioria do Ensino Superior Público e de Qualidade. Democratizar o acesso é permitir que esse imenso setor social seja capaz de criar condições que lhe permitam a inserção no desenvolvimento, de transformar o que é hoje desigualdade e injustiça em igualdade e democracia.
A ampliação de vagas nas Universidades Públicas de maneira virtual vem se revestindo de um discurso democrático, enquanto uma alternativa ao acesso, quando se configura, antes, como um desvio, uma maneira de remediar um problemático quadro social, abrindo as portas do fundo ao Ensino Superior.

domingo, 22 de março de 2009

Carta Programa da Gestão "Canto Geral"

CONCEPÇÃO DE CENTRO ACADÊMICO E DE MOVIMENTO ESTUDANTIL

A chapa Canto Geral surge com a disposição de mudar a cultura política do Movimento Estudantil das Ciências Sociais. Para isso, formulamos, coletivamente, um programa político a ser debatido com o conjunto dos estudantes. Acreditamos que uma gestão do Centro Acadêmico deve ser baseada na formulação coletiva, apresentada e debatida democraticamente, visando ao
fortalecimento da entidade. Acreditamos que, somente com a disposição firme em expandir o debate a todos os estudantes, o Movimento Estudantil poderá oferecer-se como alternativa de construção coletiva.
O CEUPES deve estar presente no cotidiano do curso, sendo uma ferramenta de organização dos estudantes que devem reconhecer a entidade como espaço de participação, representação e aglutinação em torno das pautas que se relacionam com seu cotidiano. O Centro Acadêmico deve promover atividades que aproximem os estudantes e ser um espaço plural, que busque a superação da falsa dicotomia que temos assistido entre estudantes “ativistas” e estudantes das salas de aula. Por seu caráter transitório, o Movimento Estudantil necessita de uma entidade representativa e consolidada.
Além de impulsionar a construção de referência num Movimento Estudantil amplo e democrático, o CEUPES deve representar os estudantes de Ciências Sociais no debate com outros setores com que nos relacionamos – desde outras entidades estudantis e, até mesmo, os departamentos, a diretoria e a reitoria.
É fundamental que o Movimento Estudantil tenha a disposição em estabelecer diálogo com o conjunto de estudantes, buscando atingir sua realidade mais próxima, suas pautas e demandas. A luta prioritária que o M.E. deve travar é pela defesa da educação pública e de qualidade, que seja democrática em seu acesso e que garanta uma formação crítica. Só assim alcançaremos um avanço de consciência capaz de imprimir transformações.
Nós, da chapa Canto Geral, consideramos prioritária a luta contra a lógica presente na precarização da Universidade e no individualismo. Assume, portanto, importância capital, o estímulo à participação ampla e a disposição cotidiana de um Movimento Estudantil que assuma a defesa da construção coletiva. Nós, da chapa Canto Geral, queremos um Centro Acadêmico representativo, que seja o lugar do debate horizontal e democrático. Queremos consolidar uma entidade que esteja presente no cotidiano dos estudantes.

UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO
Temos assistido, nas últimas décadas, a um processo de diminuição dos investimentos públicos na educação e, conseqüentemente, na Universidade. Ao mesmo tempo, a iniciativa privada busca explorar lucrativamente o setor em detrimento de um ensino crítico que responda às necessidades da população. Isso se reflete num processo de precarização da educação.
Nesse contexto, ganhou impulso a atuação das fundações privadas, que, travestidas como instituições de apoio à universidade sem fins lucrativos, são, na verdade, empresas que se utilizam da estrutura, dos professores e da “marca USP” para obter seus ganhos. Além do uso oportunista de recursos públicos, desenvolve-se uma rede de relações promíscuas entre a burocracia acadêmica e as fundações. Como conseqüência, professores – que deveriam dedicar-se integralmente às atividades de ensino, pesquisa e extensão na Universidade – desviam suas atividades para a produção ligada às Fundações em troca de complementos salariais. O Movimento Estudantil deve combater essa lógica, voltando-se contra as Fundações e a estrutura de poder vertical que a USP possui.
O processo de sucateamento da Educação torna-se evidente quando pensamos o recente projeto de Ensino à Distância. A Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo) é um programa do Governo do Estado que pretende ampliar, virtualmente, as vagas do ensino superior. É preciso esclarecer, porém, que se trata de uma política paliativa por trás de uma suposta democratização do ensino. Aulas virtuais já são comuns na rede privada de ensino, por exemplo, e verifica-se que o aprendizado é prejudicado pela distância professor-aluno. As aulas são apresentações multimídia preparadas previamente pelos professores e, assim, os alunos tornam-se meros observadores: não participam da discussão profunda do conteúdo, seja entre si ou com os professores. A Univesp é, em um primeiro momento, destinada às Licenciaturas. Justamente por assumir a grande falha do Ensino Público - o baixo preparo dos professores - é que este projeto vem à sociedade como suposta forma de ampliar vagas e formar novos professores. No fundo, há uma preocupação do governo em aparentar uma melhora nas estatísticas com o intuito, por exemplo, de atrair investimentos para o Estado.
A chapa Canto Geral defende a indissociabilidade do tripé ensino, pesquisa e extensão. Na esfera do ensino, seguindo a política de sucateamento do ensino público, tem-se visto uma dissolução da relação entre professor e aluno graças à distância gerada por salas cada vez mais cheias. Entendemos, também, que a natureza do financiamento determina o caráter das pesquisas realizadas na Universidade. Deste modo, defendemos o financiamento público das pesquisas e a prioridade das demandas da sociedade em detrimento da lógica de mercado. A extensão, por sua vez, converte-se em via expressa de acesso do mercado à universidade por meio de fundações, empresas juniores (que muitas vezes funcionam como uma “fundação” estudantil), cursos pagos ou a figura do assistencialismo. Nós defendemos projetos de extensão que estimulem a produção científica e intelectual dos estudantes atrelada à transformação efetiva da sociedade e, por isso, consideramos fundamental o debate sobre extensão universitária em nosso curso.
Com os desdobramentos que a crise econômica atual trará, veremos, uma vez mais, virem à tona os problemas relacionados ao financiamento da Universidade. Consideramos fundamental que o Movimento Estudantil promova, de fato, o combate à precarização da educação pública. Deve-se fazê-lo através do debate amplo, democrático e transparente, que busque, de fato, uma construção coletiva de nossas pautas.
Espaços & Cultura

A discussão sobre ESPAÇOS é pauta freqüente no Movimento Estudantil. Para nós, da chapa Canto Geral, é importante o amadurecimento do discurso e da luta por espaços que contemple a necessidade de ser público e que seja gerido pelos estudantes, por meio de suas entidades, sem intervenções autoritárias. A questão dos espaços proporcionou o debate mais acalorado no prédio do meio em 2008. As discussões têm sido feitas tanto entre os próprios estudantes, quanto entre os setores com poder de mando da FFLCH. Evidentemente, ambos os setores têm interesses e planos próprios para a questão, especialmente quando se trata do Espaço Estudantil. Este talvez tenha sido a conquista mais importante do Movimento Estudantil de nosso prédio em tempos anteriores e vem sofrendo ataques, por parte da diretoria, e abusos por parte de grupos inconseqüentes, que fazem mau uso dele e não se responsabilizam pelos efeitos das suas ações. Isso acaba afastando os próprios estudantes, que, em sua maioria, não têm interesse em freqüentá-lo.
Efeito similar é causado pelo precário estado de conservação do local, fortalecendo o argumento da direção da faculdade de que ele deveria ser usado para outros fins e não como um “simples” local de convivência estudantil. Entretanto, não podemos nos esquecer nem restringir tal discussão, uma vez que é necessária a garantia da circulação, da vivência, do debate político e do intercâmbio de idéias incluindo estudantes, professores, funcionários e a comunidade externa. Fica clara, portanto, a necessidade de um projeto de ocupação efetiva do Espaço Estudantil que supere toda a sua degradação atual e o oportunismo de grupos descompromissados com a construção coletiva e democrática. Este projeto deve ter como principais finalidades desenvolver propostas culturais e políticas, preferencialmente relacionadas ao nosso cotidiano e às nossas necessidades enquanto estudantes, revertendo os recursos angariados para a manutenção física do local pelas entidades. O desenvolvimento de atividades culturais é uma prioridade da nossa chapa, pois se apresenta como uma demanda concreta no âmbito estudantil. Elas são uma maneira de integrar os estudantes do prédio, bem como de dialogar com a comunidade externa. É nossa intenção proporcionar meios para que tal articulação se expresse, podendo, desta forma, dar continuidade a um processo de intercâmbio cultural. Este movimento tem de ser dinâmico e multilateral para que seja respeitada a própria característica de sua formação.
Em relação aos espaços, nós, da chapa Canto Geral, não nos restringiremos àquele delimitado como o Espaço Estudantil, buscaremos contemplar o espaço como um todo, ou seja, focaremos o prédio do meio na sua amplitude e lutaremos, em última instância, pela consolidação de um espaço de qualidade, com manutenção das salas de aula, de espaços exteriores e a implementação de projetos que garantam maior acessibilidade. Por isso, defendemos a reativação da Comissão de Segurança e Qualidade de Vida com caráter deliberativo.
O Papel e a Formação do Cientista Social

Ao fazer a análise do papel do cientista social, surge a necessidade de compreender o ensino como um todo. Sendo pautada pelo arranjo econômico-social de uma época, a educação é determinada de modo a responder às necessidades da organização da sociedade como está dada. Aquele que opta pelo estudo das Ciências Sociais visa aprofundar-se na ciência “que tem por objeto estudar a
interação social dos seres vivos nos diferentes níveis de organização da vida”. Esta é a ampla definição de Florestan Fernandes acerca do que seria a Sociologia. Entretanto, focando esta definição no “homem”, nota-se que o cientista social tem como objetivo estudar a interação entre os homens, sendo ao mesmo tempo nada mais que um “homem”. E é por este motivo que o mesmo Florestan Fernandes diz que “para o cientista social, não há neutralidade possível”. O objeto das Ciências Sociais é o homem em associação com seu semelhante. Desta forma, para o cientista social, não há como fugir da condição de objeto incondicional de seu estudo.
Durante os dois primeiros anos, somos apresentados à Antropologia, à Sociologia e à Ciência Política pelos seus respectivos departamentos. São três perspectivas de compreensão da realidade que devem ser equilibradas por nós estudantes e que, desta forma, acabam por delinear a formação individual de cada um de acordo com as escolhas feitas durante todo o processo acadêmico. Para nós, o Centro Acadêmico tem de estar, juntamente com todos os estudantes de Ciências Sociais, na linha de frente da defesa de um currículo que esteja em compasso com a realidade brasileira. Assim, acreditamos que a própria formação do cientista social deve trazer, a partir da crítica e da reflexão, o germe da modificação da realidade político-social brasileira. A luta pelo aumento do caráter crítico de nossa formação só será possível se o debate de forma e conteúdo do conhecimento trabalhado em sala de aula chegar até os estudantes. Como gestão do CEUPES, nós, da chapa Canto Geral, estaremos dispostos a trazer este debate para os fóruns do Movimento Estudantil, de modo a retirar a exclusividade de discussão dos departamentos e colocá-la entre os estudantes. A luta junto às instancias burocráticas da faculdade será tocada. Isto não nos impede, contudo, de tomar a iniciativa, trazendo fatores que consideramos imprescindíveis para a formação crítica do cientista social e para o dia-a-dia dos estudantes. Desta forma, visamos à complementação da formação da sala de aula com debates e palestras que supram estas demandas e estimulem o uso de toda a teoria aprendida em sala de aula para refletir a realidade presente.
O Centro Acadêmico não pode ausentar-se desta discussão, tendo o dever de estimular a reflexão, a crítica e a formulação acerca do papel do mercado de trabalho na produção do cientista social e, inversamente, o papel do cientista social dentro do mercado e da sociedade. Um C.A. realmente representativo deve levar em conta essa situação, trabalhando com a perspectiva de levar a todos à reflexão sobre nossas condições de trabalho, criando mecanismos de representação organizada, formulação e conquista das nossas reivindicações. A chapa Canto Geral se coloca contra formas privadas e que visem ao lucro de intercâmbio com a sociedade. Queremos estimular o debate sobre extensão e impulsionar a constituição de um Escritório Piloto de Extensão Universitária nas Ciências Sociais. A possibilidade de atuação do cientista social não se restringe àquilo que está disponível no mercado. Questões de gênero, de cor e de classe merecem o olhar atento dos que estudam a sociedade.
Assim, as ciências que estudamos encontram possibilidade de deixar de ser exclusividade acadêmica e ir ao encontro da população. Compreendemos que não basta discutir todas as questões de forma e conteúdo de nosso conhecimento pensando apenas para dentro da academia. Se temos a necessidade de discutir o nosso próprio currículo, temos a responsabilidade de refletir como queremos que seja o contato da juventude e da população de modo geral com as Ciências Sociais.
A lei que tornou obrigatório o ensino de Sociologia no Ensino Médio não garante uma formação crítica. Tanto a condição de trabalho dos professores de Sociologia quanto o conteúdo apresentado em sala de aula merecem atenção de nossa parte. Estamos dispostos a trabalhar, desde o início, para a construção de disciplinas que contribuam para o fortalecimento da democracia em nosso país, explorando o potencial critico da Sociologia.
Entendemos que há um momento oportuno para a colocação deste debate. A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo acaba de aprovar o currículo-base do ensino de Sociologia no Ensino Médio. Diante do que foi colocado, não nos ausentaremos desta discussão. Para isso, colocaremos esta pauta de forma intensa durante o ano e nos propomos a construir uma Semana de Sociologia no Ensino Médio.
PROPOSTAS

_Construção de fóruns democráticos, construídos amplamente e de acordo com as pautas do Movimento Estudantil e das necessidades dos estudantes;
_Manter na ordem do dia o debate sobre estrutura de poder, impulsionando, num ano de eleições na USP, uma campanha por eleições diretas para Reitor;
_Impulsionar, desde o primeiro momento, o debate sobre meio-ambiente no curso, mantendo e ampliando um Grupo de Trabalho sobre Meio-Ambiente;
_Busca de articulação com o Centro Acadêmico de Filosofia para a construção conjunta de atividades, além da articulação com outros CAs da FFLCH e com o DCE da USP;
_ Fomentar o debate sobre extensão no curso e impulsionar a construção de um Escritório Piloto
_Construção de uma Semana de Sociologia no Ensino Médio;
_Compromisso de manutenção da Semana de Ciências Sociais (SeCS) construída democraticamente pelos estudantes.
Plano de Ocupação do Espaço e Cultura:
_Criação de uma Comissão de Cultura do Prédio do Meio, em conjunto com os estudantes da Filosofia, reunida quinzenalmente para pensar e realizar atividades culturais conjuntas;
_Manutenção e ampliação da DVDteca do CEUPES;
_Atividades lúdico-esportivas que promovam a integração dos estudantes, como festas, campeonatos (xadrez, sinuca...), aulas públicas de yoga, capoeira, oficinas de fotografia e apresentações de teatro;
_Arrecadação de doações para revitalizar o Espaço Estudantil com mobília, cinzeiros, lixos, além da realização de mutirões de limpeza pelos estudantes;
_Ciclo de filmes e debates;
_Busca da reativação da Comissão de Segurança e Qualidade de Vida;
_Café com o CEUPES – Rodas de discussão com Movimentos Sociais e com estudantes que queiram apresentar e discutir seus trabalhos de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado;
_Debate sobre opressões e núcleo de mulheres.
Política de divulgação:
_Manter uma política de divulgação de atividades efetivas, mantendo um blog do CEUPES atualizado;
_Construção de um Jornal do CEUPES em que os estudantes possam divulgar seus textos, desenhos e charges.

Queremos um Movimento de Todos os Estudantes

A “Canto Geral”, atual gestão do CeUPES, tem como prioridade construir um movimento estudantil do conjunto dos estudantes, um espaço de discussão e prática que remeta ao cotidiano de nosso curso e que se funde na base do entendimento aprofundado das pautas, fortalecendo o caráter consciente e transformador da política estudantil. O movimento só pode ser realmente democrático, se um grande número de estudantes participarem das discussões, se colocando como protagonistas de todo e qualquer processo que for chamado em nome deste conjunto do qual todos fazemos parte. Para que esta concepção se torne de fato a prática do movimento no nosso curso, temos de ampliar os espaços destinados à informação, todos tem de ter acesso ao real caráter das pautas, podendo desenvolver opiniões e propostas. Assim, o movimento estudantil não será um espaço onde uns poucos falam para muitos apenas escutarem. Queremos um Movimento Estudantil de todos os estudantes!
Além da iniciativa do “Café-com-CeUPES”, que visa uma primeira abordagem sobre assuntos pertinentes tanto aos alunos de Ciências Sociais, especificamente, quanto aos estudantes em geral, queremos disponibilizar mais espaços de informação. A atual gestão do Centro Acadêmico identifica na reedição do Blog uma importante ferramenta para ampliar e aprofundar as discussões em nosso curso. Assim como a “PASTA-CeUPES” na Xerox, o Blog é uma iniciativa que busca reunir o acúmulo do ME sobre cada pauta tratada nos fóruns. Lá o estudante encontrará textos explicativos, manifestações críticas e links disponíveis para a sua informação, garantindo bases para a reflexão de cada estudante sobre o seu dia-a-dia na universidade.
Esperamos que a articulação de todos os espaços se faça suficiente para uma prática política consciente dos estudantes. Não será o Blog apenas que colocará o estudante como protagonista deste movimento. Entretanto, se utilizado como fonte de informação, tem um grande potencial para elevar o grau de consciência na prática diária dos estudantes. Será no contato com os projetos de políticas educacionais, declarações de setores importantes da academia e da sociedade, assim como dos próprios estudantes que nos faremos inteirados do que realmente acontece a nossa volta, podendo pensar em conjunto o que deve ser feito e como deve ser feito. Desta forma, e só desta forma, o conjunto dos estudantes de fato participará da reflexão, da proposição e da ação, sendo um movimento realmente estudantil do começo ao fim. Se tiramos dúvidas e fazemos questão de estarmos a par do que nos está sendo dito em sala de aula, na nossa formação individual, porque não fazer o mesmo com a nossa formação coletiva? É nesse sentido que a “Canto Geral” gostaria convidar a todos para visitarem sempre que possível o Blog do CeUPES, mandando as suas contribuições para que possamos juntos construir um movimento com a cara dos estudantes.

contato: ceupes2009@gmail.com